Compreendendo o Budismo: As Quatro Nobres Verdades e o Caminho da Libertação

Compreender o Budismo, que é a quarta maior religião do mundo, significa obter chaves importantes para a vida. Se você tem curiosidade sobre os profundos ensinamentos do budismo, então você chegou na postagem certa!

Nós vamos nos aprofundar nos princípios fundamentais do budismo: as Quatro Nobres Verdades e o Caminho da Libertação.

O budismo nasceu e começou a se expandir a partir da Índia antiga poucos séculos após a morte de Siddhartha Gautama, que depois se tornou o Buda, há aproximadamente 2.500 anos atrás. A sua filosofia se baseia na ênfase do despertar interior e auto responsabilidade, com o objetivo de chegar a iluminação.

Um dos ensinamentos mais marcantes e úteis é o das Quatro Nobres Verdades que formam a base da doutrina budista e explica a origem da dor sentida pelos homens, oferecendo um caminho para a libertação da alma e compreensão.

Exploraremos cada Nobre Verdade, descobrindo as causas da dor e os meios para superá-la. A partir daí, vamos conhecer o Caminho da Libertação, também conhecido como o Nobre Óctuplo Caminho, pois formam um conjunto de 8 passos, não sequenciados, para uma vida mais consciente, virtuosa e realizada.

Ao cultivar a sabedoria nos pequenos atos cotidianos por meio de uma conduta ética, é possível alcançar o Nirvana, o objetivo final do budismo. Em rápida síntese, pois estamos distantes de compreender conscientemente o Nirvana, pois precisaria ser vivenciado, diz a tradição que seria o estado de elevação espiritual alcançado após sucessivas encarnações.

Ao chegar no Nirvana, o discípulo entra em um estado de graça, no qual não há mais necessidade de novas reencarnações.

Compreendendo o Budismo: As Quatro Nobres Verdades e o Caminho da Libertação
Buda debaixo da Árvore Bodhi – gerada por IA

Ainda que você seja um estudante iniciante ou mero curioso sobre os ensinamentos do budismo, saiba que é plenamente possível compreender as Quatro Nobres Verdades e o Caminho da Libertação, com isso você terá em mãos uma boa bússola para nortear pensamentos e condutas no caminho da sabedoria.

Junte-se a nós nesta jornada do conhecimento enquanto aprofundamos na essência dessa filosofia antiga e valiosa em todos os tempos que é o budismo.

Introdução ao budismo

As Quatro Nobres Verdades e o Nobre Caminho Óctuplo são os pilares do Budismo, oferecendo uma compreensão profunda da natureza da dor e um caminho para a superação da dor e, consequentemente, a libertação.

Espero que essas verdades atemporais possam vibrar no coração de cada leitor a busca por trazer essa sabedoria para a vida prática.

É da prática dos ensinamentos, nos desafios do cotidiano, que nos levam a profundas transformações interiores e à sabedoria.

A primeira nobre verdade: A Dor Existe

O Budismo é uma filosofia espiritual fundada por Siddhartha Gautama, também conhecido como o Buda, há mais de 2.500 anos. O Buda deixou de legado um simples e, por vezes, incômodo ensinamento: a dor existe.

Esta filosofia acredita que o caminho para a iluminação se dá por meio da compreensão da verdadeira natureza da realidade.

Isso significa que devemos buscar aceitar a vida como ela É, as pessoas como elas São e os fatos como os melhores para a nossa construção enquanto seres humanos. Cada coisa acontece como deve acontecer, a vida é regida por leis fixas, imutáveis, impessoais e atemporais.

Reflexão sobre a Dor

Ninguém gosta de sentir dor, e essa é a maior causa da negação em compreender sobre a primeira nobre verdade. Ao negar a dor como parte integrante da vida, negamos também a possibilidade de compreensão sobre a dor a sua causa.

O budismo não prega o conformismo, não devemos ficar inertes ao sentir dor, ao contrário, devemos buscar uma resposta para a dor, seja ela física, psicológica ou mental.

Acontece que em nossa sociedade extremamente materialista não nos foi ensinado a curar a dor, mas sim, buscar um distrativo, fingir que ela não estar ali, no caso de não ser uma dor física. Fazer vista grossa para as nossas questões não resolve o problema e pode até agravar as dores.

Para curar a dor é preciso também encarar. Para então aprofundar para chegar à causa da dor. 

A segunda nobre verdade vem trazer a causa raiz de todas as nossas dores.Até agora, você suspeita qual seja a causa da dor humana?

A segunda nobre verdade: A dor está no Apego

Segundo a tradição budista, a causa da dor é o apego. É importante ressaltar que o apego não estar apenas em possuir e querer reter bens materiais, a fixação em uma forma de pensar também é apego, e também causa dor.

O apego como causa da dor, irá se expressar de diferentes maneiras. Ao longo da vida, experimentaremos diversas formas de dor emocional, como tristeza, raiva e ansiedade; dores físicas e também mentais .

O apego acontece quando há muito desejo de possuir algo ou muita aversão em viver uma experiência específica. Nos dois casos o desejo se transforma como força de atração de experiências, se desejamos muito, movimentamos em direção a isso que buscamos, iremos ter.

Contudo, o budismo ensina que não são proprietários de fato de nada, quiçá, meros depositários da vida, quando ela entende que a experiência chegou ao fim, ‘perdemos’ o que nunca foi nosso, mas esteve sob nossos cuidados.

Breve reflexão sobre o apego

Nesses anos de estudos filosóficos na Nova Acrópole, tenho aprendido que a beleza da vida estar em participar dela com o máximo de presença, tentando gerar o mínimo de apego, sejam os cenários bons ou ruins.

O apego ao que estar fadado a perecer vai nos gerar dor. Seja a um bem imóvel, relacionamento ou circunstância, que como qualquer coisa da vida um dia irá ter fim.

Sentimos dor por depositar toda nossa energia no que é transitório e perecível, portanto, isso significa que não devemos construir nada material? Podemos sim, mas que façamos as coisas com sentido de vida humano mais profundo, aprendendo com as experiências, cenários e pessoas.

Ter em mente que pessoas, cenários e objetos são transitórios ajuda a nos relacionar com menos apego ao que temos ou não nas mãos em um momento ou outro – que logo irá mudar.

Por mais que possamos compreender intelectualmente esse conceito, ele não é fácil de ser vivido. Sofremos por antecipação ao pensar no fim das férias que mal começou, isso para citar um exemplo simples, sem maiores consequências.

Apesar do nosso apego ser grande e serem muito, é possível trabalhar na mitigação da dor, veja como com a terceira nobre verdade.

Terceira nobre verdade: a dor pode ser cessada

A terceira Nobre Verdade traz esperança ao afirmar que a dor pode ser cessada. Buda ensinou que é possível alcançar a iluminação e superar o ciclo de nascimento e morte (a Roda de Samsara), ou seja, chegar à libertação.

Para isso, precisamos compreender a natureza da dor e atuar para a sua cessação. E a chave está em aprender a viver sem apego, como dissemos, a partir da compreensão que o movimento natural da vida nos traz e também levam cenários, pessoas e objetos.

Penso que ensinamentos profundos como esse precisam de paciência e consistência para serem vividos e internalizados. Não basta falar, é preciso estar atento à vida, às circunstâncias e aos detalhes para identificar os apegos que geram dor e atuar neles.

O caminho da sabedoria é percorrido com humildade e persistência, não esperemos mudanças bruscas do dia para a noite que só irá nos gerar mais dor. É importante caminhar, e o budismo nos aponta um bom caminho.

Quarta Nobre Verdade: O caminho para cessar a dor

A quarta Nobre Verdade fala sobre o Nobre Óctuplo Caminho, que é o caminho para a libertação da dor e que leva a despertar o melhor de nós mesmos.

O Nobre Caminho Óctuplo é composto por oito ‘retas diretrizes’, que são:

  • Retas opiniões
  • Retas intenções
  • Retas palavras
  • Retos meios de vida
  • Reto esforço
  • Reta atenção
  • Reta concentração

Vale lembrar que esse não é um caminho a ser seguido em linha, um passo após o outro. O Nobre Óctuplo Caminho aponta uma série de posturas retas, ou seja, sem interesses pessoais, apenas no cumprindo do dever ou da ideia que conduz a ação.

O reto caminho, o caminhar no Dharma, é uma busca diária do alinhamento entre ideias e ações, uma ética prática que deve permear todas os atos da via.

Compreendendo o Budismo: As Quatro Nobres Verdades e o Caminho da Libertação, flor de lotus símbolo do homem espiritual
Flor de Lótus – gerada por IA

A dor existe, o sofrimento é fruto da ignorância

Um ponto que vale a pena ser discutido é sobre a diferença existente entre dor e sofrimento. A dor, como ensinou o Buda, faz parte da vida de todos, não há como escapar.

Nascemos, crescemos, nos desenvolvemos, chegamos à maturidade, depois passamos pela velhice e morremos. E nesse processo sentiremos dores em diversos momentos, “dores do crescimento”, não apenas física, mas em especial, do ponto de vista interno de se buscar uma consciência mais elevada e abrangente. 

A vida quer expandir e integrar mais pessoas e situações, nem sempre essa expansão se dá de forma tranquila para a nossa personalidade.

Já o sofrimento é fruto da incompreensão da causa da dor. É possível passar pela dor sem maiores sofrimentos e mesmo, reduzir significativamente uma dor quando compreendemos a sua causa, mesmo que seja uma situação difícil, como uma perda.

O sofrimento aparece quando nada parece fazer sentido, sentimos a dor, mas ignoramos os processos naturais da vida. Ignoramos o movimento, as mudanças, que não podemos mudar aos demais. A dor é fruta da ignorância.

Sofremos também pelas ideias que temos dos fatos que nos toca viver, veja bem, um dia de sol ou de chuva é apenas mais um dia, enquanto que para quem desejava ir à praia, o dia de chuva possa ser um dia ruim, sendo a causa do sofrimento.

A dor pode assumir muitas formas, desde a dor física até a dor emocional, e todas as formas de dor são inevitáveis, porém podem ser compreendidas, trabalhadas em sua causa (o apego) e cessadas.

Conclusão

Ao compreender e praticar esses ensinamentos, é possível transformar muitas das nossas dores em ricos aprendizados para a vida, alcançando paz interior e felicidade humana, do tipo duradoura, que não se esvai em qualquer cenário adverso.

As Quatro Nobre Verdade de Buda, bem como o Nobre Óctuplo Caminho são ensinamentos atemporais e úteis para qualquer pessoa, a qualquer tempo da história, por isso acredito ser válido que mais pessoas possam acessar esses ensinamentos e buscar trazê-los para suas vidas. 

O caminho para libertação da alma não é construído em apenas um dia e uma noite, mas que precisa ser caminhado com determinação e ritmo, todos que nele caminharam deixaram um legado de ensinamentos, bondade, beleza e justiça. 

A cada um de nós cabe caminhar. 

Ajude este blog a difundir boas ideias

Se você está interessado em aprender mais sobre o Budismo e seus ensinamentos, eu recomendo que leia o livro Dhammapada – o Caminho da Lei, no qual irá encontrar mais ensinamentos do Buda.

Ao comprar o livro pelo link você contribui com a manutenção desse espaço de reflexão, filosofia e difusão de ensinamentos atemporais. Basta clicar na imagem do livro ou aqui.

Até o nosso próximo encontro!

Categorias


Pedro Motta é aluno e professor voluntário na Nova Acrópole há mais de 10 anos e compartilha o que reflete e aprende no blog Escriba do Dia.

LEIA TAMBÉM…

  • Praia de Buzius, no Rio Grande do Norte, onde passei meu último veraneio

    Veraneio em família: renovação pessoal e de vínculos